terça-feira, 16 de outubro de 2012

Passos Coelho nem para administrador de condomínio


Uma desgraça. Este governo é catastrófico. Se existisse uma escala, à semelhança da escala de Richter, mas para medir os efeitos negativos, o desnorte e a incompetência política, este governo seria uma espécie de Lisboa 1755 com cobertura de Áquila 2009, salpicos de Haiti 2010 e um banho final de Banda Aceh 2004. Tudo treme à passagem de Passos e companhia. Nada permanece intocado.  A cada medida produzida é mais um abanão nas estruturas da sociedade e meia dúzia de fendas na democracia. E quando julgamos estar tudo mais tranquilo surgem as réplicas prolongadas pela voz do entediante Vítor Gaspar. No final, quando já praticamente nada resta, vemos ao longe um levantamento de água fora do normal. Uma espécie de onda que se vai avolumando, agigantando ao encurtar da distancia, e que ao embater com estrondo varre tudo o que parecia ter sido poupado.  
Nunca vi tamanha desorientação e descontrole. Pior, para além da incompetência das medidas, do descalabro económico e social gerado por uma visão fiscal doentia, do falhanço monumental das politicas de crescimento (inexistentes) que levaram ao governo defunto que temos, um grupo de indivíduos a funcionar por espasmos e ao acaso baseados numa fé cega, perdeu-se algo que é fundamental em qualquer relação: a confiança e o respeito. Os portugueses não confiam em absolutamente ninguém ligado ao governo. Não confiam em ninguém ligado à política. Não respeitam quem elegem. Não os suportam. Tornou-se uma impossibilidade democrática. A negligência social, o desrespeito pelos cidadãos, a mentira e as historietas a mais com explicações a menos deixaram de ser admissíveis. Tornaram-se impossíveis de suportar. Este governo não tem margem para pedir absolutamente nada, muito menos sacrifícios.
Passos Coelho neste momento não seria eleito para administrador de condomínio de nenhum prédio deste país. Não seria eleito para absolutamente nada que o obrigasse a gerir o que quer que fosse que mexesse com os interesses de alguém mentalmente são. O orçamento de estado entregue ontem, as 10 pens que Vítor Gaspar deixou nas mãos de Assunção Esteves, uma espécie de orgia fiscal sem precedentes, são a certidão de óbito deste governo e provavelmente do país e da sociedade como a conhecemos. Isto se nada acontecer e mudar drasticamente o rumo dos acontecimentos. O governo morreu, o país ainda se pode salvar. Façamos algo.


Fonte: EXPRESSO


Gostaria de salientar uma pequena parte desta notícia, designadamente "Passos Coelho neste momento não seria eleito para administrador de condomínio de nenhum prédio deste país. Não seria eleito para absolutamente nada que o obrigasse a gerir o que quer que fosse que mexesse com os interesses de alguém mentalmente são",   que julgo ser o espelho do pensamento actual da sociedade portuguesa, quanto à administração do país. Até quando serão os nossos interesses postos de parte, sacrificados à mercê de entidades que nos seus actos tem tudo em consideração, excepto o bem-estar dos portugueses? Será certamente esta a questão que muitos colocam. Até quando?!



Magda Pereira Cardoso
( nº 21928)


2 comentários:

  1. Creio que os interesses dos particulares, enquanto pessoas isoladas tendem cada vez mais a ser postos de parte, chegando mesmo a serem completamente ignorados pela Administração Pública, no que toca às medidas por eles tomadas. Actualmente, o que importa na sociedade (seja nacional, ou mundial) são os números. Portugal tem de sair da crise o mais depressa possível, pelo que, para que os relatórios o demonstrem, há que tomar medidas. O problema encontra-se na desconsideração dos particulares neste aspecto... Nos debates governamentais não se encontra ninguém que se preocupe com a grande parte do povo português, que cada vez tem menos posses e riqueza. O importante é cortar em tudo e mais alguma coisa. Chego a pensar que o Governo Português perdeu toda a humanidade que alguma vez teve. É como se fossemos governados por uma máquina, cuja definição de interesse público é "sair da crise".

    Ana Laura Miranda

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  2. Permite-me discordar, Ana Laura. É verdade que a crise económica arrastou consigo uma grave crise de valores, principalmente aqui no nosso canto da península ibérica. E que dizer da pobreza que com ela arrastou, o nível de vida que desceu a pique como já não se via há muitos anos. Pessoalmente não concordo com tudo o que este governo diz ou faz, nem com os motivos que que muitas vezes se escondem atrás das suas decisões (e se acho isto deste, dos que vieram antes penso pior). Mas a discussão aqui já há muito deixou de ser impor ou não a austeridade, e passou apenas a ser a forma que as medidas tomam. É uma situação ideal? Claro que não, está muito longe disso. Mas é algo que é necessário. Não se trata de querer cortar em tudo e mais alguma coisa, nem de só ver os números à frente, é apenas perceber que se estas medidas não forem aplicadas, se Portugal não mudar, as coisas vão ficar ainda piores, durante muito mais tempo. Cavamos o nosso próprio buraco e agora precisamos de sair dele. Não se trata já de "parecer bem" no panorama internacional, ou de estar bem com os números mas sim de conseguirmos voltar a ser um país sustentável. A austeridade custa mas não a impor resultaria em consequências muito piores para os portugueses.
    "Sair da crise" pode parecer um termo muito vago, e agora que já foi repetido tantas vezes, vazio de sentido, mas o que na realidade significa é precisamente deixar a austeridade, deixar este nível de pobreza que assola o país. Sair da crise é o interesse público não por ser o interesse do governo mas porque é o interesse da comunidade. Eu sei que é difícil explicar isto a alguém que já não come há dias, ou que não consegue sustentar os filhos mas mesmo sem a austeridade eles não estariam melhor, muito pelo contrário. A situação do país inteiro pioraria e mesmo que não sentíssemos as consequências agora, não demoraria nada até ficarmos ainda mais enterrados na miséria, só que desta vez isolados da comunidade internacional. Nós temos de deixar de fazer as coisas só para o hoje e pensar que também vamos viver o dia de amanhã.

    José Pouzada
    Nº 21977

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