sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Contratos Associativos entre Administração Pública e Escolas Privadas


 
No seguimento do trabalho exposto anteriormente neste presente blog, sobre as “Parcerias Público-privadas e o Princípio da Eficiência”, pareceu-me pertinente abordar a temática dos Contratos Associativos, que se enquadram nas PPP.

Tendo sempre por base a definição e a estrutura de uma PPP, e não perdendo de vista a coadunação dos dois vectores fundamentais que enformam as PPP, isto é, o Princípio da prossecução do interesse público e o Princípio da Eficiência da actuação pública, urge apresentar um caso polémico de Parcerias Público-privadas que suscitou bastantes críticas na opinião pública. Iremos abordar o caso dos Contratos Associativos entre a Administração Pública e as escolas particulares.

Podemos defini-los como contratos assinados pelo Ministério da Educação com escolas de gestão privada, através dos quais o ME se compromete a pagar o serviço educativo que estas prestam – em montante equivalente ao custo por aluno no ensino estatal - de modo a que os alunos abrangidos pelo contrato possam frequentar a escola gratuitamente.

Estes tipos de contratos associativos, que incorporam as designadas PPP, estabelecem-se nos casos em que o Estado, não tendo capacidade de proporcionar o ensino a todo os jovens, recorre à iniciativa privada que assume um papel extremamente importante, criando condições físicas, estruturais e pedagógicas que proporcionam a Educação a um vasto número de crianças e jovens.

Muitas destas parcerias associativas estabelecem-se em regiões mais pequenas e por vezes mais carenciadas economicamente, e um pouco isoladas das cidades mais estruturais, onde não existem escolas públicas que proporcionem um ensino decente e de qualidade aos jovens daquela região, sendo o Estado obrigado a criar parcerias com estas escolas privadas para que possam, financiadas pelo Estado, proporcionar um ensino gratuito e de qualidade a estes jovens, em condições de igualdade com os restantes estudantes do país.

A verdade é que, ao contrário do que a opinião pública tem dito sobre o tema, estas “escolas público-privadas” oferecem as mesmas condições aos alunos que a maioria das escolas públicas, não lhes sendo dedicados qualquer tipo de regalias extra!

Por outro lado, e em consonância com o trabalho exposto anteriormente, faz parte de uma das funções fundamentais do Estado, assegurar um Ensino gratuito e de qualidade a todas as crianças em jovens, por força do artigo 43º da CRP, isto é, assegurar a prossecução do interesse público, segundo parâmetros de eficácia. E se o Estado não está em condições de garantir estes interesses colectivos, cabe-lhe arranjar alternativas viáveis, como os contratos associativos com escolas privadas, a fim de suprir esta inviabilidade.

É igualmente importante ter em conta que, estas PPP no campo da educação, não acarretam maiores despesas ou encargos públicos para o Estado do que uma escola pública, pelo contrário, o cortes no financiamento das escolas associativas demonstraram-se mais drásticos do que nas escolas públicas.

Graças às reformas feitas no campo dos contratos associativos pelo ME, que implicaram a diminuição do número de turmas, assim como a cortes no montante de financiamento concedido pelo Estado a estas escolas, colocaram em risco muitas turmas que encerraram, inclusive, colocaram em risco a viabilidade financeira de muitas escolas associativas.

Em jeito de conclusão, acho que é importante deixar claro que a existência de um Estado Social de Direito não é de todo incompatível com o princípio constitucional de Eficiência administrativa, bem pelo contrário.

Portanto, a principal preocupação do poder público é assegurar a satisfação dos interesses da sociedade, numa lógica de maximização da eficiência, e se para tal, for necessário criar Parcerias Público-Privadas, sob forma de contratos associativos de concessão de serviços, então será essa a função do Estado, pois só assim se poderá garantir a eficácia na prossecução do verdadeiro interesse público, muitas vezes esquecido pelos nossos governantes e até pela nossa sociedade.

 

 

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