quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Maioria e PS aprovam nova lei dos estivadores


A proposta de lei do novo regime laboral dos trabalhadores portuários foi aprovada esta quinta-feira, na generalidade, com os votos a favor da maioria e do PS, a abstenção do ex-líder da JS Pedro Delgado Alves e os votos contra do PCP, BE e Os Verdes.

Momentos antes, durante o debate, o tom entre os socialistas e a maioria era de diálogo na próxima semana, durante os trabalhos na especialidade.

Mais à esquerda, as bancadas não perdoaram o Governo por promover a “precariedade” ao avançar com esta lei. O executivo e a maioria garantem que o regime será um estímulo à competitividade da economia. As greves exercidas nos últimos meses pairaram no debate. O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, revelou a estimativa dos prejuízos causados: 400 milhões de euros por mês.

Depois de já ter divulgado o voto favorável, a bancada socialista dirigiu as suas críticas à forma como o Governo tem actuado relativamente aos representantes dos trabalhadores a propósito das greves dos últimos três meses.

“O Governo andou mal em não manter todos os canais em aberto, só na quarta-feira apresentou propostas que podia ter apresentado há mais tempo”, apontou o deputado Rui Paulo Figueiredo. O socialista apelou à abertura do Governo (e da maioria) para um debate “sério” na especialidade e recebeu uma resposta positiva. “Estamos abertos às propostas da maioria e do PS”, disse o ministro da Economia.

O deputado do PS evitou críticas ao conteúdo da lei. Essas viriam a ser ouvidas pelas bancadas mais à esquerda. Diz que é para tornar os portos mais competitivos. Nada mais falso! O que vem é trazer precariedade”, afirmou a bloquista Mariana Aiveca. Pelo PCP, o deputado Bruno Dias colocou as críticas em forma de pergunta.

“Porque se torna tão importante eliminar a carteira profissional? Com que legitimidade permitem proibir a contratação colectiva?”, questionou. Foi o secretário de Estado das Obras Públicas, Sérgio Monteiro, que respondeu a estas preocupações: “Esta proposta não precariza o trabalho portuário, abre oportunidades, (...) ganhamos maior empregabilidade e maior eficácia.”

Uma das questões que mais dividiram os partidos foi o acesso à profissão. A maioria insistiu nas vantagens de flexibilizar. “É preciso abrir o sector ao mercado de trabalho. Há 20 anos que o regime não é alterado. Compreendo a vossa emoção, é uma actividade sexy. É normal que filhos e sobrinhos não devam depender de qualquer vínculo de sangue, mas da sua capacidade de trabalho”, afirmou o centrista Hélder Amaral.

FONTE: PÚBLICO
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Desde há muito que esta questão relativa à alteração da lei laboral dos estivadores corre a praça pública, causando inúmeras controvérsias entre os trabalhadores em questão e o Governo. Cabe-me agora apresentar a minha perspectiva e até uma pequena reflexão, de forma a elucidar-vos para alguns pontos, que certamente vos são desconhecidos. Quando chega aos ouvidos da generalidade da sociedade a palavra “estivadores”, a grande maioria, desde logo associa-os aos 5 mil euros de salário que estes ganham mensalmente. Juízos de valor vêem à baila, como se cada um de nós estivesse na posição em questão, e soubesse absolutamente daquilo que está a falar. Acontece, que como em muitas outras questões quotidianas, o povo fala e caí em juízos injustos. Quero com isto dizer, que efectivamente os ditos 5 mil euros, em alguns dos casos são reais, contudo, como deveis calcular, não estão em questão 8 horas de trabalho consecutivas (à semelhança de uma grande parte dos contribuintes portugueses), nem 10h ou 20h, mas sim 48 horas de árduo trabalho. É crucial percebermos que nos seus ofícios, estes estivadores incorrem em grandes riscos, os quais podem prejudicar gravemente a sua integridade física, em virtude da complexidade das máquinas com que trabalham diariamente.
Posto isto, e à luz do conteúdo da proposta da nova lei laboral, que pretende, sumariamente, despedir todos os trabalhadores efectivos ( pois que neste momento preocupante que o país atravessa, a sua mão-de-obra é considerada bastante onerosa ) e contratar novos estivadores. Estes novos estivadores terão um estatuto bastante diferente do que usufruíam os antigos.
Ora, daqui em diante pretende-se contratar um maior número de pessoas, dai a afirmação do Secretário de Estado das Obras Públicas, que esta medida se traduzirá numa maior EMPREGABILIDADE  Claro, esta constatação é realmente verídica, no entanto, estes novos trabalhadores além de começarem a  trabalhar poucas horas por dia/semana ( quando são “escalados” para isso, pois que poderão não o ser frequentemente, em virtude da grande quantidade de estivadores que irão haver), verão os seus rendimentos a atingir valores baixíssimos porque trabalham, poucas horas. 
Esta medida traduzir-se-á numa maior empregabilidade é certo, mas por outro lado, cada estivador individualmente, irá receber um montante reduzido, que se repercutirá no seu nível de vida. Onde é que o estivador irá buscar recursos para satisfazer as suas (e da respectiva família), necessidades básicas, educação dos filhos, as suas obrigações fiscais? Quando o pão de cada família faltar na mesa , onde irá parar toda esta política de austeridade que tem-se esquecido algures, do interesse público e das necessidades colectivas? Passará pela prática precária de condições de trabalho e respectivo salário, a função da administração pública? Deixo-vos as questões.  


 Magda Pereira Cardoso

nº21928

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